Ideias de Chirico

notas

Imagem monocromática de uma rua vazia de cidade pequena.

Imagem de uma rua da Serra Grande, onde estas notas foram costuradas.

O quê? Mais uma coletânea de notas? Paciência. Estou traduzindo dois textos, escrevendo outro, e, enquanto eles não saem, textos improvisados são tudo o que posso oferecer. Eis aí notas que não consegui desenvolver o suficiente para uma publicação independente, publicações minhas de outros lugares, recomendações de links e tutti quanti. Afinal, este blogue é meu data lake.

Isso o algoritmo não mostra!

Há alguns anos, nos meios antigoverno havia o bordão de que “Isso a Globo não mostra!”. Tinha-se a ideia, não sem razão, de que a TV Globo, mais preocupada em alheiar o telespectador da realidade autóctone, tirava-lhe alguma consciência política, mostrava-lhe o cenário cor de rosa das novelas, do mundo das celebridades.

Quando a internet surgiu, era a expectativa de que o Muro de Berlim dos meios hegemônicos caísse. Toda a informação estaria agora disponível ― mas caoticamente. Como acessar esse mar de dados? Como partir do bit para o dado, do dado para a informação e da informação para o conhecimento?

Curadoria.

Aí residia a importância dos blogues, dos indexadores, de motores de busca e de outras plataformas.

Mas então, com o TikTok, há o sucesso dos algoritmos de curadoria de conteúdo, um tipo de inteligência artificial muito mais danosa para a cultura do que as conhecidas LLM. Se eu abrir neste momento a aba reels do Instagram, saberei exatamente o que verei ― aquilo que mais amo, aquilo com o qual mais me identifico, aquilo que mais me define como pessoa.

Com o algoritmo de curadoria de conteúdo, o outro, aquilo que desconheço e pelo qual sou desconhecido e aquilo que mais me estranha não me é apresentado. E assim a minha noção de alteridade fica estanque e circunscrita a um pequeno circuito.

A esta altura, devemos refletir: a quem servem os algoritmos de curadoria de conteúdo? A quem serve o ser humano cercado daquilo que ele mesmo deixou que um outro lhe apresentasse, um outro que não está aberto ao escrutínio externo, mas que, apesar de tudo, conhece-o como a palma de sua mão invisível e não humana? O que pode acrescentar, nutrir ou expandir uma ferramenta que me mostrará somente aquilo de que gosto e com o qual me identifico?

O que o algoritmo não mostra?

(O midiólogo Marshall McLuhan define o mito de Narciso como a metáfora do ser humano encantado, não por si mesmo, mas pela imagem como a extensão de seu próprio corpo).

Se antes, quando da popularização da internet, o bom uso de um motor de busca residia no uso inteligente das palavras-chaves, agora como fazer um bom uso do algoritmo de curadoria de conteúdo, sem que caiamos em um lupe de conteúdo adocicado, de fácil digestão e que não expande a nossa sensibilidade ou o nosso mapa cultural?

A resposta está, mais uma vez, no hacking.

É preciso trapacear com as tecnologias se quisermos tirar seu máximo de proveito. No caso dos algoritmos de curadoria, é preciso que se aplique ao máximo o conceito zen-budista de “destacamento”: urge que larguemos mão daquilo que mais amamos e mesmo daquilo que mais nos define como pessoa social ― nacionalidade, língua, gênero, gosto cultural. Como fazê-lo? Usando VPN, um alias mail, trocando a língua do dispositivo e evitando um comportamento automático diante do aplicativo ― esta, a trapaça mais difícil de todas.

Posso sair do espectro do conteúdo masculino-jovem-branco-nerd-intelectual sempre que eu puder quando criar uma persona que fuja desse perfil dentro de alguma plataforma.

Somado a isso tudo e também graças à [minha tática de utilizar o TikTok de uma forma não viciante](), o algoritmo levantou um perfilamento errôneo a partir dos escassos dados. Na minha aba principal (For You), aparece-me um conteúdo voltado ao público feminino, branco, empreendedor, de classe média, não falante de português brasileiro (inclusive falando do Brasil em outras línguas).

Só assim, com trapaça e letramento digitais, tem-se acesso àquilo que não está circunscrito ao nosso ambiente ordinário e à nossa identidade cultural, social etc.

A partir do momento em que o algoritmo de curadoria acertar e o aplicativo ficar cada vez mais e mais sedutor, basta que se resete a preferência de conteúdo e criar uma nova persona.

Por uma tecnologia wabi-sabi

Minha escrivaninha tem mais de dez anos. Quanto mais velha, mais charmosa fica, e mais prazerosa é a experiência de se escrever sobre ela. Feita no saguão do meu tio marceneiro, é de uma madeira barata e não tem verniz. Todo o seu tempo está marcado em sua superfície e não há modo ― nem razão ― de o esconder. Aqui, forma e conteúdo respondem um ao outro.

Minha mesa é wabi-sabi. Wabi-sabi é o conceito japonês que, inspirado pela natureza, define a beleza das coisas a partir de sua imperfeição. A natureza é bela, porque é irregural, inconstante e imprevisível.

Meu computador portátil, sobre essa mesma escrivaninha, também tem mais de dez anos. Mas algo falta aqui... Feito de plástico fino, está rachado em um canto, tem Durepox nas dobradiças. Uma ótima representação do navio de Teseu, suas peças já foram trocadas mais de uma vez sem perder, no entanto, sua essência.

Meu computador, ao contrário da mesa feita pelo meu tio, não foi feito para durar e não foi desenhado para durar mais do que dez anos, não foi feito como um objeto que aceita as intempéries do tempo.

A resposta para um design tecnológico wabi-sabi pode ser encontrado no livro “Em louvor das sombras”. Objetos que sejam claros, translúcidos ou que refletem em demasia, tendem a envelhecer mal ― edifícios com revestimento polido, roupas claras de tecidos finos, panelas de alumínio, mesas de madeira compensada lisa, computadores da Apple ―; objetos com porosidade, escuros ou que tendem a conter o reflexo, tendem a envelhecer bem ― edifícios brutalistas, roupas de tecido rústico, panelas de barro, mesas de madeira inteiriça e desvernizada, computadores da IBM.

Objetos wabi-sabi, táteis que são, criam uma boa conexão conosco, já que cada minuto que se passa com eles é apreciado.

Imagem monocromática de uma praça em uma cidade pequena.

Imagem da Serra Grande.

Sobre a lembrança e a escrita

Costumo escrever no meu diário com algum atraso. Por exemplo, se hoje é dia 3 de julho, só vou escrever sobre este dia amanhã ou depois de amanhã.

Porque não sei o peso dos fatos quando estou os vivendo. Já houve mais de uma vez em que busquei algum escrito de algum dia marcante e tudo o que consegui encontrar foram reclamações e comentários de autossubestimação, feitos no calor do momento.

Preciso de um tempo para escrever sobre algo que vivi até que isso se torne uma lembrança sólida. E não há garantias de que a impressão do que você acabou de viver é sólida; tampouco de que a lembrança do que você viveu mês passado é sólida.

Acho que um ou dois dias é o suficiente para apontar uma lembrança relevante e ao mesmo tempo confiável.

Inveja linguística

Há uma expressão em inglês que eu queria muito que tivesse uma equivalente em português ou que fosse aportuguesado.

Em inglês, se você pede ajuda para uma pessoa e ela, ou não se esforça, ou responde uma parada bem óbvia, você pode falar:

Thanks for nothing!

Dizer “Ainda bem que você me falou”, como é corrente no Brasil, é de uma ironia mais sutil… Não é tão escrachado quanto “thx 4 nothing”.

Pior que, se a gente traduzir literalmente, parece que estamos agradecendo e respondendo ao agradecimento ao mesmo tempo: “Obrigado por nada” (“Obrigado!”, “Por nada!”).

Ensaio de uma análise do discurso sobre o verbo “consumir”

Há alguns anos, se algum amigo seu quisesse saber o que você tem assistido, lido ou ouvido, perguntaria assim mesmo: o que você tem assistido, lido ou ouvido? Vocês dois talvez estivessem por encontrar-se em um bar ou restaurante para consumir uma cerveja, consumir uma bebida, consumir algum serviço. Ao fim do encontro, pagariam pelo que consumiram.

Hoje, na mesma situação, “consumir” seria o mesmo verbo utilizado para falar de música, de cerveja, de literatura ou de serviços de streaming.

O curioso é que no período em que não havia outra forma de ter acesso às formas de entretenimento que não pagando por elas, não se falava de “consumir” uma música ou um filme, mas de assistir, ouvir, usufruir ou simplesmente apreciar.

Creio que isso tenha pouco a ver com o fato das formas de entretenimento terem pulado do ramo do compartilhamento virtual livre para o do espaço dos streamings, mas que denuncie a influência da cultura de influenciador sobre as formas de entretenimento.

Isso pode pôr pouco a pouco a cultura e os bens de consumo em um mesmo patamar, como coisas perecíveis e passíveis de um mesmo processo cíclico de produção. Isso é um embrolho que sutilmente pode reduzir o valor do artista e dos trabalhadores da cultura.

Um navegador orientado ao teclado

Estou adorando conhecer o navegador qutebrowser, totalmente orientado ao teclado. Ele é baseado no editor de textos Vim, altamente configurável e torna a navegação muito mais confortável. O trade-off é que você leva um tempo procurando entender o mecanismo e também aprendendo atalhos, mas é algo que se aprende naturalmente.

Mas aprender é o ordinário na tecnologia...

Quando você passa a usar esse tipo de recurso, passa a priorizar bastante a ergonomia e passa a perceber o quão intuitivo é o mouse ― e o quão era difícil usar computadores antes desse periférico.

Por outro lado, ao se utilizar maismente o teclado, está-se mais preparado para uma privação hipotética de um dispositivo de interação mais visual. A importância dessa ideia está melhor desenvolvida no ensaio de Ploum que estou a traduzir, “O computador feito para durar 50 anos”.

Descoberta de um potencial

Em julho de 2025 completou um ano desde que comecei a estudar francês ― sozinho, sem aulas formais. Agora já sou capaz de compreender textos complexos e vídeos de nível C2. Claro, com legendas e sobre determinados assuntos.

De qualquer modo, acho que encontrei um talento...

Citações

Um homem offline é mais elegante.

― Anônimo.

Viver é diferente de estar vivo.

― povo da Serra Grande.

Algumas perguntas que tenho e que não tive o tempo de pesquisar a respeito:

  1. Por que é mais fácil pensar em cores pastéis do que em cores vibrantes?

  2. Por que a cor do sol nascente é mais branco enquanto a cor do sol poente é mais amarelo?

  3. Existe algum mamífero de cor verde?

Linkroll

cute cars, um blogue hospedado na neocities.org sobre carros. Carros fofinhos. Parece um espaço vindo direto dos primórdios da internet só que falando de modelos automotivos modernos. Mesmo que os carros atuais sejam todos muito iguaizinhos e sem graça, ainda há aqueles que atiçam nosso lado “ite, Malia”.

P.S.: fiquei triste pelo meu modelo favorito da atualidade, o Chery QQ3, não estar no cute cars ainda!

Yana Yuhai, em sua newsletter “Contemplation Station”, traz reflexões sobre por que o tempo passava mais devagar durante a infância e dá algumas orientações sobre como podemos trazer essa lentidão de volta.

• why time felt slower when we were kids (and how to get it back)

A página pagemelt, conhecida por seus longos vídeos-ensaios, publicou recentemente um vídeo sobre curadoria na internet. Isso me chamou a atenção, porque raramente alguém tece críticas ao algoritmo, uma inteligência artificial que limita a nossa própria capacidade de explorar a internet e nos põe em um estado de passividade diante de todas as informações.

• be your own algorithm

Andy Clark, importante filósofo e neurocientista que investiga as relações entre o cérebro e as tecnologias, escreve na revista Nature sobre como ele interpreta a inteligência artificial enquanto extensão da mente.

• Extending Minds with Generative AI

Do Clark, li o seu antológico “Natural born cyborgs: Minds, Technologies, and the Future of Human Intelligence” (2003), e gostei muito da escrita e das suas ideias.

Indo além de Marshall McLuhan, Clark acredita que as tecnologias são extensões cérebro e que devem ser inclusive serem tratadas como tais ― o que significa que se você danificar um dispositivo de alguém, está danificando parte de sua cognição.

Pedidos

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#notas #cotidiano #tecnologia


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Imagem de um círculo feito com pincel grosso e tinta nanquim. À esquerda e à direita há inscrições em japonês.

Círculo Ensō, símbolo sagrado do Zen Budismo. Ensō simboliza coisas como força, elegância, o universo, mente unificada, o estado mental do artista no momento da criação e a aceitação da imperfeição como algo perfeito.

Um compêndio de links, recomendações e textos curtos que não renderiam uma publicação à parte. Enjoy.

A habilidade mais difícil para um introvertido

Depois de aprender informática básica, quatro línguas estrangeiras, taquigrafia, escrita criativa, violino e bateria, estou aprendendo a habilidade mais difícil de todas: falar abobrinha.

Kisscrolling

Lembrei de quando era adolescente e tinha um romance digital com uma moça da cidade vizinha, lá na gloriosa Serra Grande, nos idos de 2010.

Quando eu recebia uma foto dela, costumava beijar a tela do meu Nokia de botõezinhos.

Hoje em dia isso já não daria certo, porque, se você beija a tela sensível ao toque, pode acabar excluindo a foto...

Chère-lock Holmes

Bordão do Detetive Paixão para investigados pegos no flagra:

Conheço você com a palma da minha mão...

Japão estanque: ex-tanque

Ando pensando nesse meu fascínio que tenho pelo Japão. Um fascínio quase ingênuo, de coisa exótica. Nos últimos dois anos tenho lido e estudado sobre tudo que acho da cultura nipônica ― fugindo do lugar comum e do pop.

Agora mesmo estou assistindo a um filme do Ozu, um cineasta clássico do Japão. O conheci pelo Wim Wenders, que fez inclusive um filme dedicado ao diretor nipônico, chamado “Tokyo Ga”.

Falo tudo isso porque enquanto estou nessa obsessão por uma cultura estrangeira, penso que há algo muito semelhante bem “do lado de casa” ― os povos indígenas do Brasil.

Alguns intelectuais japoneses de esquerda defendem o decrescimento como uma tendência positiva, e o percebem exatamente no Japão. Ailton Krenak, escritor indígena brasileiro, também tem ideias que apontam o desacelacionismo como meio de conservação da natureza e, por consequência, da humanidade.

Não sei ainda organizar esse pensamento. Até lá, fico fascinado pelo que de extraordinário tem o Japão antigo ― o gosto pela sombra e pelo estático ―; e pelo que de comum têm o Brasil e o Japão ― a antropofagia cultural.

Sobre o feed infinito e a noção de passado

Ouvi uma crítica justa aos stories e outras mídias similares, vinda do antropólogo Michel Alcoforado. O que vemos em um story damos por “presente”. Não interessa se o rosto do perfil publicado está muito diferente desde a última vez em que o vimos.

Em um certo fim de semana, publiquei imagens minhas no Instagram que estavam distantes temporalmente, imagens com cinco anos de diferença. Todas as pessoas que comentaram foram levadas a pensar que tudo aquilo acontecia comigo naquele momento.

Esmartefone + feed infinito: ideia de um presente contínuo interminável. Há aí tanto a mudança da noção de tempo, quanto a mudança da ideia de história e de nostalgia.

“O Centro é o lugar do imprevisível ):)”

Outro dia fui a um passeio didático pelo centro da cidade feito para meus alunos estrangeiros do curso de português.

Chamaram um professor de geografia que fez loas ao caráter caótico do centro da cidade, contrastando-a com os shopping-centers:

Se você for ao shopping, tudo acontecerá como planejado; mas se você for ao centro da cidade, pode ser surpreendido a todo momento.

Só que, momentos depois, enquanto ele falava, dois moradores de rua começaram a intervir no que ele falava, batendo palmas, interceptando. Vocês não conseguem imaginar a cara de contrariado que ele tinha…

Linkroll

Ótima resenha da New Yorker sobre o filme Perfect Days (2023), também resenhado nestas Ideias de Chirico.

• Perfect Days and the perils of minimalism.

Esse texto me atentou para um traço incomum da personagem Hirayama, que o torna ímpar e fora do zeitgeist contemporâneo: ele é um indivíduo sem curiosidade. Depois que li esse texto, fiquei pensando sobre o porquê de eu mesmo levar o cenário de Perfect Days como ideal, já que não me vejo no futuro como um homem sem curiosidade. O título é um pouco impreciso, porque se fala pouquíssimo sobre o minimalismo do ambiente do protagonista.

Mina Le, ensaísta e influenciadora do campo da moda, fala em seu vídeo-ensaio sobre o porquê de as redes sociais não serem mais divertidas.

• why is social media not fun anymore?

Os motivos apontados por Le: o algoritmo de curadoria de conteúdo e a ironia crônica das comunidades atuais. Em outras palavras, somente o algoritmo: ele é anticultural, porque sempre vai ofuscar a recomendação orgânica ― de pares para pares ―, e é anticomunitário, porque sempre vai privilegiar o discurso inflamatório (no qual está a ironia), que retém mais engajamento dos usuários. Enquanto todos temem e criticam a inteligência artificial generativa, eu digo: o algoritmo de recomendação de conteúdo é muito mais danoso para a cultura e para a criatividade do que qualquer outra tecnologia que será desenvolvida a partir de agora.

O filme Jaws (na versão brasileira, “Tubarão”) nesta sexta-feira (20/06) completará 50 anos desde o seu lançamento em 1975. Por que esta efeméride é interessante, paralém da relevância desse suspense estadunidense? Porque foi o filme Tubarão que se inaugurou a expressão blockbuster como alcunha de filmes de grande sucesso.

Block em inglês significa quadra. No dia do lançamento do longametragem, a fila para o cinema rodou o quarteirão. Os jornais da época então mencionaram Jaws como um blockbuster. Blockbuster seria aquilo que “destrói quarteirões” ― um termo primeiramente utilizado para se referir a bombas no contexto da Segunda Guerra Mundial.

Soube desta efeméride pelo podcast Xadrez Verbal nº 423 e tirei outras informações a partir destes textos:

• Why Hit Movies Are Called Blockbusters.

• 50 years ago, ‘Jaws’ scared us senseless. We never got over it.

Um youtubeiro decidiu trancar o próprio esmartefone em um cofre, porque estava cansado de ler notícias sobre as quais não queria saber. O movimento de entropia é interessantíssimo: para compensar a ausência do aparelho, ele comprou cadernetas, um despertador analógico e um telefone com fio.

I hate my phone so I got rid of it

O problema de toda essa experiência, acho, está em tentar acessar os mesmos espaços sem esmartefone como se vivesse com um. Já espoilerando: em alguns momentos ele precisou pedir emprestado o aparelho de outras pessoas enquanto esteve fora de casa.

Experiências assim fazem pensar que é preciso inventar um viver distinto àqueles que não se adequam ou se negam a viver a vida digital compulsória. O clube ludista de Nova York já deu o primeiro passo.

Imagem monocromática de Matt Smith, programador de jogos para ZX Spectrum, um homem jovem de cabelos altos e lisos, utilizando um moletom. Ao seu redor há vários teclados ou computadores do modelo ZX Spectrum. À sua frente há uma televisão, que antigamente era utilizada como tela de computador.

Matt Smith, programador de jogos para ZX Spectrum.

Citações

Poems are basically like dreams... Something that everybody likes to tell other people, but nobody actually cares about when it's not their own.

― Autoria desconhecida.

Poema é igual a peido ― cada um só aguenta o seu.

Uma variação da citação anterior.

Jamais vou me esquecer de quando eu fui em um planetário e alguém vaiou quando mostraram a Terra.

― Algum vídeo curto que vi por aí.

Sinto que muita gente abre uma empresa e acaba caindo no modelo de que “somos uma família”, certo? E isso é um sinal de alerta gigante porque toda família é disfuncional. Todas, todas são.

― James Hoffmann, via Manual do Usuário.

Quando algum gringo zombar do seu sotaque diga: “Você fala inglês porque é o único idioma que você sabe; eu falo inglês porque é o único idioma que você entende”.

― Algum vídeo curto.

A vida é como uma toalha de banho: o lado que você passa na bunda hoje pode passar na sua cara amanhã”

― Um meme boomer.

A computer is like air conditioning – it becomes useless when you open Windows.

― Linus Torvalds.

Email is the cockroach of the internet – it outlives every wave trying to kill it. Forget Slack, forget Discord, forget chat apps. Email is universal, decentralized, and asynchronous. It's not sexy, but it's the ultimate survivor.

― JA Westenberg (@Daojoan@mastodon.social)

#notas #cotidiano #tecnologia


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Close no rosto de um homem japonês. Ele tem cabelos longos, ao estilo dos anos 50. Tem uma mão apoiada no queixo e olha, de pálpebras baixas, para um ponto baixo. Foto em preto e branco.

O terno olhar de Osamu Dazai, escritor moderno japonês.

Uma daquelas publicações sem temas específicos, apenas com textos soltos que escrevo por aí, curadoria de links e citações.

Pensar em um computador desconectado

Depois de ler um texto do @ploum@mamot.fr falando sobre a construção de um computador que dure 50 anos ― onde também se fala do princípio de offlinefirst / localfirst ―, tive ganas de criar um repertório de documentos para deixar no disco rígido para consulta rápida e sem internet.

Já baixei alguns mapas (América do Sul, Brasil, Ceará etc.) e alguns dicionários. Tentei baixar o mapa de infraestrutura da minha cidade pelo OpenStreetMaps, mas não consegui direitinho. Penso em baixar o repositório da Wikipédia.

O mundo de fantasia dos motéis japoneses

O sítio web Flashbak, voltado a curiosidades históricas, publicou um artigo com algumas fotografias do francês François Prost mostrando a arquitetura de motéis do Japão.

Aí vê-se de tudo: navios, OVNIs, castelos encantados.

Se no mundo ocidental ou ocidentalizado, a discrição é essencial para um espaço sexual, não é este o caso dos motéis japoneses.

Sex In A Japanese Love Hotel

Reclames sobre um podcast

Odiei um recente episódio da Radio Ambulante, podcast hispanófono que conta crônicas da América Latina. Foi sobretudo com esse programa de áudio que aprendi a língua espanhola. Desde o período que comecei a o escutar ― 2022 ―, a vaibe do programa têm piorado muito.

Costumo pensar dez vezes antes de escutar algum episódio, porque com frequência ao fim dos episódios fica aquele clima de melancolia, de evento mal resolvido. Um episódio recente, La concursante, foi além disso, ele relata o assassinato de uma jovem adulta que participou de um populista programa de auditório do Peru, e que morreu por isso.

Estou espoilerando exatamente porque a escuta não vale a pena, apesar de que a construção narrativa do episódio seja muito bem tecida, e o trabalho de sonoplastia seja impecável, uma das especialidades da Radio Ambulante.

No entanto, afora o clima extremamente apelativo da história, que beira aos programas policiais, os produtores não nos contaram sobre como os meios de comunicação peruanas reagiram depois do episódio de assassinato, dos quais eles próprios foram catalisadores.

Uma pena.

Coisas de que mais gosto no Fediverso

  1. a comunidade capivarinha.club;

  2. a comunidade ayom.media e o seu ecossistema;

  3. o humor incessante do @miugnutos@bolha.one;

  4. a disponibilidade e gentileza geral dos membros;

  5. a diversidade de integrantes ― eu não tinha interagido na internet com pessoas neurodivergentes, surdas ou cegas até eu chegar aqui;

  6. a não hegemonia de usuários de língua inglesa;

  7. o tino slow web, com posts concentrados que só com muito esforço podem viciar o integrante fediversal;

  8. a autogestão;

  9. o respeito à privacidade em todos os sentidos ― você não precisa mostrar nenhuma informação pessoal se quiser, mas se quiser pode;

  10. Jefferson, flearows e bamblers;

  11. a infinidade de opções de plataformas e de interfaces disponíveis para interagir ― código aberto é poder!;

  12. o fato de que ninguém nunca obterá este espaço como mercadoria ou poderá censurá-lo, já que ele é 🌠 descentralizado 🌠 ;

  13. instâncias bem, bem barristas, tipo a masto.nyc (para usuários de Nova York) e a mastodon.bahia.no (para usuários da Bahia);

  14. e por falar em bairrismo e identidade, gosto também de como cada instância pode ter uma cara própria, com emojis próprios e uma cultura própria;

  15. a polyglot.city, que é a minha comunidade espiritual;

  16. o fato das redes fediversais serem de baixa manutenção, ou seja, você não precisa estar entrando todo dia nem de se esforçar para conseguir seguidores para, a curto ou longo prazo, ter uma boa experiência;

  17. ah, já ia me esquecendo do principal: não há influenciadores, trolls, propagandas ou empresas;

  18. a curadoria musical do @gaviota@weatherishappening.network (te amo, Gaviota!);

  19. como o Fediverso nunca segura o membro em seu espaço, já que estamos sempre nos redirecionando para outros sítios web;

De todas as filias, a pior é a filIA

Li em um blogue a seguinte frase:

Nós que somos entusiastas de IA.

Entusiastas de IA. Entusiastas de IA. Entusiastas de IA. Entusiastas de IA...

Incrível é como é comum encontrar esse perfil dentro da neoblogosfera!

Novamente o computador

Não sou de ter saudade, mas sinto falta de quando o computador era a grande tecnologia do momento. Com o computador como portal único da internet, havia um limite entre estar desconectado e conectado. Todos os meus esforços para tornar meu telefone um aparelho offline first provavelmente vá nesse sentido...

Offpunk

Estou simplesmente encantado pelo navegador #Offpunk/ #XKCDpunk, desenhado pelo escritor belga @ploum@mamot.fr. É um navegador para protocolo #Gemini, que roda totalmente no #terminal do sistema e que pode funcionar sem internet, mantendo páginas visitadas ou agendadas em cache.

Agora passo a maior parte do meu tempo no computador desconectado e a sensação é ótima.

Você pode saber como clonar ou instalar o Offpunk por aqui.

Explicando o Fediverso

Como vcs explicam pra alguém de forma simples o q é o fediverso?

Fediverso é Twitter, Youtube, Facebook e Instagram, tudo junto e misturado, só que sem influenciador, parente e nem bilionário.

Outra imagem do mesmo homem, mostrando o seu dorso. Ele está vestido em um kimono, na mesma posição. Tem seu punho sobre uma mesa, no qual pende uma pena, e abaixo do qual está um papel. Ele olha diretamente para a câmera.

Outra vez Osamu Dazai.

Youtube formicapunk

Partindo de um conceito vindo do @bouletcorp2@mastodon.social, o formicapunk ― aqui a arte de onde vem o conceito ―, o @ghettobastler@mastodon.art desenhou e executou o 3615-Youtube, um gravador de vídeos do Youtube para fitas VHS a partir de um Minitel, um terminal francês de vídeo-texto de 1978.

Aqui o vídeo do projeto sendo operado: https://www.youtube.com/watch?v=kMp8XH5ZHtM

Favoritismos

No último dia 14, fui à palestra do escritor cearense de biografias Lira Neto sobre seu recém-lançado “Oswald de Andrade: Mau Selvagem”, no auditório da reitoria da UFC. No último momento da palestra, na rodada de perguntas, elaborei uma questão que pensara durante toda a sua fala. Saquei o telefone do bolso, no bloco de notas escrevi

Eu me interesso por Oswald de Andrade, porque me interesso por Décio Pignatari, cujos amigos denominaram o “Oswald magro”. Como um fio puxa outro, queria saber se, em suas andanças acadêmicas, houve alguma relação entre você e Pignatari, mesmo que bibliograficamente. Além disso, poderia falar mais sobre a relação entre Oswald de Andrade e o movimento de Poesia Concreta?

e o guardei.

Passaram-se duas falas de pessoas célebres da cultura de Fortaleza; outras de pessoas não tão célebres, mas próximas ao autor; outras de pessoas nem tão célebres e nem tão próximas ao autor, mas arrumadinhas. Quando o meu sinal para a pergunta foi notado, o organizador da palestra disse que o tempo para perguntas já havia encerrado. Com o livro debaixo do braço, humildemente saí do auditório, sabendo que essa pergunta não seria respondida ali. De qualquer forma, na maioria das vezes a audiência não é tão interessante quanto o palestrante.

Publico essa dúvida neste espaço na esperança de que alguém me a responda e como forma de protesto contra eventos literários, que sempre parecem ser feitas para dez pessoas.

Na palestra. Flagra do ator Ricardo Guilherme, no canto superior direito da foto.

Frasezinhas e ready-mades

Openbar é pá pimbar.

― Ouvi de relance em algum lugar.

Vantagens de ensinar para adultos: eles se comportam e prestam atenção na aula. Desvantagens de ensinar para adultos: eles não desenham o professor e nem lhe escrevem cartinhas.

Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade.

— Pepe Mujica (R.I.P.), esse Hirayama do Uruguai.

Lidar só com gente simpática em Fortaleza ― meu Deus... que solidão.

O bom de falar em LIBRAS é que ninguém cospe no outro.

Interpreto capinha como “roupinha de telefone”. Quando ele está em casa, fica sem nada, peladinho como veio ao mundo.

#notas #tecnologia #cultura


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Estou ocupado com vários textos ao mesmo tempo, mas não gostaria de deixar este espaço emarasmado. Aqui vai uma curadoria de minhas publicações do meu perfil @arlon@harpia.red, de status de Whatsapp ou rascunhos de rascunhos, i. e., pensamentos que tive durante a escrita desta Ideia de Chirico. Por puro acaso, enquanto editava este texto, percebi que a maioria destas notas falam somente de tecnologia e de Fediverso. O post desta vez é sem foto; estou com um problema na nuvem.

Sobre moda e intimidade esmartefônica

Interpreto capinha como “roupa de telefone”.

Quando ele está em casa, fica sem nada, peladinho como veio ao mundo.

Offline-first

Após ler um ensaio do @ploum@mamot.fr imaginando a construção de um computador que dure 50 anos ― onde também se fala do princípio de #offlinefirst / #localfirst ―, tive ganas de criar um diretório local de arquivos para consulta rápida e sem internet.

Já baixei alguns mapas (América do Sul, Brasil, Ceará etc.). Tentei baixar o mapa de infraestrutura da minha cidade pelo Open Street Maps, mas não consegui direitinho. Penso em baixar o repositório inteiro da Wikipédia, que pesa em média 50 GB. Antes dessa ideia, eu já tinha debaixo da manga dois dicionarinhos de regência ― nominal e verbal ―, do Celso Luft. Nunca se sabe quando será necessário saber se se tem “esperança por algo” ou “esperança de algo”. Nada garante que nessa ocasião haverá internet disponível.

Citação

Você já viu um viciado em crack dizer que está sem dinheiro para comprar drogas? Não, ele levanta e faz acontecer.

– Algum coach em algum lugar do mundo.

Via @NoahLoren@ayom.media

Furo fediversal

Descobriram um bugue no desenvolvimento do Pixelfed, no qual caso um usuário dessa plataforma siga uma conta privada de outra plataforma, essa conta passa a ser pública para os seguidores do usuário que a seguiu.

Pixelfed leaks private posts from other Fediverse instances.

Dizem que bugues no Pixelfed são frequentes. Cheguei a ter um perfil nessa que é a análoga fediversal do Instagram, e, apesar de não ter publicado tanto nela, gostaria de que tivesse sucesso, já que, de todas as plataformas do protocolo ActivityPub, tem a interface mais amigável e com mais apelo familiar.

Nuvem não é becape

Um fio absurdo do Mastodon com o relato de uma conta de nuvem pela Oracle que foi desativada sem aviso prévio, porque a conta estava “inativa” ― provavelmente a sincronização estava ativada.

After realizing that my servers were offline since the 25th of January 2025, I've been in contact with Oracle support in a multitude of ways trying to figure out why this happened and how we can recover both the account and data.

I wasn't told that my account was disabled. I didn't receive an E-Mail or anything. When logging in, I was simply told that my username or password was incorrect. After (successfully) resetting my password twice, I realized it wasn't about the password. Oracle had just deleted my account without any notice.

This is a public service announcement to never ever use Oracle

Leiam-no inteiro e lembrem-se da máxima do @manualdousuario@mastodon.social

Nuvem não é becape.

Sobre deixar uma “coleirinha” no notebook

Outra noite tive um sonho no qual eu perdia meu notebook, alguém o encontrava, mas, em vez de deixar nos achados e perdidos, acabava se apropriando dele já que o aparelho “não tinha nome”.

Ato contínuo, acordo, abro a tampa da minha máquina e coloco meu e-mail e o meu número de telefone na aba “usuário” do sistema.

Nunca se sabe em que mãos estarão nossos pertences perdidos. Na dúvida, é melhor arriscar a privacidade para ter a chance de ter o objeto de volta, do que perder o objeto e a privacidade...

O gozo da tecnologia responsiva

Resolver um problema no sistema operacional é análogo a afiar uma faca ou engraxar um rolamento; demanda muito tempo, mas ao fim dá aquela sensação de alívio de ter de volta um instrumento como uma extensão do corpo.

Sobre Ghost

Estou animado por Ghost, plataforma de newsletter que entrou para o protocolo ActivityPub. Mas acho a logo deles tão edgy, meio intimidador mesmo, algo que só a logo de X do Twitter me provocou; me lembra também daqueles signos que os alienígenas de “A Chegada” faziam.

Essa logo da Ghost contrasta com as das plataformas fediversais, que têm um aspecto mais amigável e convidativo.

Apesar disso, gostaria de experimentá-la, cruzando-lhe meus posts destas Ideias de Chirico para convertê-los em newsletter. Também espero que haja algum rebranding dela conforme fique mais próxima do éthos fediversal.

Sonho de consumo no Fediverso

Abrir o texto de um link como se fosse um post e ter a opção de compartilhá-lo na linha do tempo com ou sem comentários como se viesse de um perfil.

Desabafo sobre a mídia pendrive

A mídia mais pau mole que existe é o pendrive.

Não dá segurança ao ser carregado, pode ser perdido facilmente, não tem tatilidade alguma e não tem nada de especial em si. O fato também de ser regravável o torna banal. Por tudo isso, é impossível apegar-se a um pendrive como se apega a um disco, a uma fita ou a um CD. Por acaso, você já recebeu um pendrive de presente de alguém? Não, né? O pendrive não tem sex-appeal, é uma mídia demasiado pau mole.

Não é obviedade dizer que só no Brasil que pendrive é chamado de pendrive. Esse nome é irascível. É da coleção de nomes em inglês que são só faladas no Brasil. Direção Caneta? Nos Estados Unidos ele é literalmente vara USB [USB stick]. Nem por isso ele ganha sex-appeal. Pau USB. Pau mole USB.

Sobre Smithereen

Desativei minha conta Smithereen, a rede fediversal inspirada no Facebook clássico. Ao menos por enquanto. Precisava de uma plataforma que permitisse uma leitura de textos mais longos, que fugisse da lógica seguidores/seguindo e que ao mesmo tempo tivesse um leiaute limpo. Smithereen resolve muito bem esse problema.

No entanto, há uma série de recursos que, talvez propositalmente, não foram implementados. É o caso das hashtags. O desenvolvedor principal do projeto disse que limitou o uso de hashtag para evitar ao máximo que o usuário veja conteúdo de fora de sua federação.

Além disso, faltam implementações básicas do tipo ajuste de letra e modos noturno e diurno. Como a hashtag, esse recurso aparentemente está deliberadamente ignorado.

Agora é esperar até que apareça alguma instância #Friendica brasileira estável.Estou atento por exemplo à f.capivarinha.club. Essa será a próxima rede que experimentarei. Pelo que sei, Friendica é um hub, que permite a leitura e compartilhamento de notícias de feeds RSS.

Rede social fez um mal danado...

Pagando um psicólogo pra tentar me convencer de que não é porque um texto meu não teve muitos compartilhamentos que isso significa que ele seja ruim.

Outra proposta de aportuguesamento

Fork → Garfo

Ex.

O Linux Lite é um sistema garfo do Xubuntu.

P. S.: sugestão do @eltonfc@bertha.social é de utilizar a palavra “forquilha”.

Segundo o dicionário Dicio, “forquilha” é

  1. Ferramenta agrícola composta por uma haste de duas ou três pontas, semelhantes às pontas de um garfo, usada para remexer mato ou palha; garfo, forca, forqueta, forcado; 2. Tronco com uma bifurcação na ponte; forqueta; 3. objeto bifurcado, com duas pontas, como um Y.

Exemplo de uso:

Fizeram uma forquilha do cliente oficial do Pixelfed.

O Mastodon foi recentemente forquilhado.

A comunidade fediversal

são os tuiteiros que amadureceram e fizeram psicoterapia.

Um desejo

Cantar o 4’33” do John Cage em um karaokê…

A alegria de descobrir e o mistério de compartir (e vice-versa)

Baixar coisas é tão legal!

De alguma forma misteriosa você pega um arquivo de alguém desconhecido de algum lugar ignoto do planeta e bota isso diretamente no seu computador. E aí pode ter acesso ao arquivo sem internet!

Isso não é legal?!

Citação

se o Estado te obriga a ter um celular para acessar serviços públicos o Estado deveria dar celulares e powerbanks e acesso ilimitado à internet pra todas as pessoas. Que mundo bizarro e maluco que a gente se enfiou com essas tranqueiras tecnológicas, é enlouquecedor

― Citação da sempre genial @apropriagui@masto.donte.com.br

#notas #tecnologia


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Imagem de uma piscina em um condomínio fechado. À direita há um parquinho para crianças

Espaço liminal?

Como ando sem pauta, aqui vai um copicola de algumas publicações do meu perfil pessoal do Fediverso, o @arlon@harpia.red. Isso é bom para quem não é da bolha fediversal, e é bom para quem é da bolha fediversal, mas não pôde me acompanhar nos últimos dias. Intercalam esses “tuítes” algumas fotos que tirei nos últimos dois meses.

Proposta de aportuguesamento

Noob = nube.

“Nube” também sugere nuvem. “Nubar” é ser nube, mas ao mesmo tempo sugere “anuviar”, “nublar” etc.

P.S.: “Nube”, ao contrário de outros aportuguesamentos, não tem excedente de caracteres em relação ao seu relativo estrangeiro, o que o pode tornar mais sugestivo.

Pode cagar.

Instagram em modo saudável

Experimentando navegar pelo Instagram somente pela versão web, através da linha do tempo cronológica, evitando os reels nem os stories.

Fosse só isso, seria uma ótima rede social.

Última leitura

Terminei a leitura de “Walden”, de Henri David Thoreau ― mas parece que sigo o lendo…

Desde “Em louvor das sombras”, do Tanizaki Junichiro, não tinha lido um livro tão influente sobre meu comportamento em relação às coisas e aos espaços em geral.

Foto de uma lambreta de cor azul-bebê. Ao fundo, um bosque universitário.

Bibi.

Mais uma dúvida de língua portuguesa respondida

O professor Pasquale me respondeu mais uma dúvida de língua portuguesa!

Ele mantém um programa na Rádio CBN, que se chama A Nossa Língua de Todo Dia, na qual tira dúvidas sobre LP e toca música boa.

A descrição do episódio é a seguinte:

Um ouvinte tem dúvidas sobre o uso dos verbos na forma infinitiva em avisos falados e escritos ou para expressar ordens. Os auxílios luxuosos são ‘Desesperar, Jamais’, com Roberto Ribeiro, e ‘Renascer’, com Zizi Possi.

Aqui o arquivo dele.

Xubuntu é uma merda, mas é bom

Nada como um sistema 100% responsivo. Não é este o caso do Xubuntu.

Estou com ele instalado em um laptop Positivo pré-adolescente (com ~13 anos). Por alguma razão o sistema volta e outra congela. O menu Whisker às vezes demora a responder.

O sistema mais responsivo que peguei até hoje foi o grande Linux Lite. Uma pena só que eu tenha de ir com muita frequência ao terminal. A vantagem do Xubuntu é que ele é muito prático e a maior parte do programas instalo em uma lojinha do sistema.

Pessoa deitada em duas poltronas. Está de casaco. Suas duas mãos estão postas dentro dos bolsos do casaco, enquanto sua cabeça está escondida na toca do casaco.

Performance artística não intencional na Uece, campus de Fátima.

Locais ideais para estudo

Estou estudando e lendo no bloco de música da Uece.

É perfeito. Música ao vivo e “natural” (i.e., sem algum grande evento por trás) é como um limpador sonoro. Há sons de tudo enquanto ao redor do bloco, desde cachorros até ares-condicionados. Mas enquanto há música orgânica, mesmo que improvisada, ela é o que interessa.

Vez ou outra ouço algum trechinho perdido de alguma peça que conheço e às vezes até me dá vontade de ir à sala de estudo, abrir a porta e perguntar: “Onde irão apresentar essa peça?”

#notas


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Estava pensando no final de “Manhattan” (1979), de Woody Allen.

Sempre que penso em cinema clássico, é a cena final de “Manhattan” que me vem à cabeça. Posso não ter visto suficientes filmes, mas sinto que é como se Woody Allen tivesse criado com essa sequência o paradigma de final de filme romântico.

É magistral a montagem inteira do filme; a sincronia entre música e fotografia; sem falar dos diálogos, que têm um taime e um ritmo maravilhosos.

Infelizmente Allen nunca conseguiu repetir o que fez em “Manhattan”. “Manhattan” é o paroxismo alleniano. Não há outro filme como “Manhattan”.

#notas #cultura


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Imagem de vários pixels soltos formando duas mãos escrevendo sobre uma máquina de escrever

Imagem: Serenity Strull/BBC/Getty Images.

Reportagens dos últimos dois anos:

Os “telefones burros” voltaram? (vídeo da CNBC, março de 2023).

Porque as câmeras digitais estão retornando (vídeo da TODAY, fevereiro de 2023).

As fitas cassete voltaram, o dilema é encontrar um toca-fitas. (matéria da New York Times, outubro de 2024)

Por que as máquinas de escrever estão tendo um renascimento na era digital (vídeo da PBS NewsHour, outubro de 2024).

Uma tiktoker de 23 anos faz vídeos sobre como e porquê voltou à mídia impressa (artigo da Slate, setembro de 2023).

Graças a entusiastas do minidisc, é possível adicionar músicas do seu smartphone em um tocador de minidisc (matéria da The Verge, outubro de 2024).

Por que tem se falado tão pouco desse súbito renascimento de várias tecnologias de comunicação antigas? De um lado uma indústria gastando rios de dinheiro na promoção das realidades virtual e aumentada, na streaminguização e na bluetoothização das coisas, e, é claro, na inteligência artificial; de outro, a nova geração reciclando aqui e ali várias tecnologias analógicas, como a máquina de escrever, ou tecnologias eletrônicas “ultrapassadas”, como a câmera digital ou mesmo como os blogues, que participam do movimento da chamada Web Revival, da qual estas Ideias de Chirico fazem parte. Tolice pensar que isso é moda de gente saudosista e ludista...

Essa não parece ser simplesmente uma onda sazonal e gratuita, concentrada em estética. Não é também como a moda hipster dos anos 2010, entusiasta sobretudo do vinil e da máquina de escrever ― eventualmente da fita cassete, como em 2016. Essa nova onda revivalista investe em muito mais tecnologias. Não é organizada em um movimento, mas dela pode se apontar um recorte geracional, nacional e de classe ― gente do norte global, de classe média, com idades em torno de 25 a 35 anos.

Há uma ímpar, crescente e geral insatisfação pelas tecnologias digitais ― seja por conta da bostificação, seja por conta do lock in, seja por conta da economia de atenção. O que esse pequeno movimento (mesmo que nichado) diz a respeito do Vale do Silício? O que posso dizer é que, definitivamente, o analógico é o novo hi-tech. E o offline é o novo online. Não é por outra razão que o filme “Dias Perfeitos” fez sucesso com o público abaixo de 30 anos... Eis aí todo um mundo ocultado pela digitalização compulsiva da vida. “O futuro do futuro é o presente”, já dizia o midiólogo Marshall McLuhan ― o que implica em dizer que o futuro do presente é o passado. Enquanto uma nova tecnologia for ofertada, não como ferramenta, mas imposta como meio de exclusão social (tal como o carro), o analógico seguirá como vanguarda.

#cultura #tecnologia #notas


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Foto da silhueta de alguns postes de luz contra a luz do final da tarde. No céu, degradês em lilás, amarelo e azul escuro.

Entardecer em Fortaleza. Foto minha.

Como ando meio sem ideia do que publicar, eis um compilado de postagens do meu microblogue Akkoma, conversas de e-mail, ivesdropes e outros fragmentos de pensamentos que não renderiam uma publicação, mas que valem a pena compartilhar, além de eventuais recomendações.

Sobre o estado das Ideias de Chirico

Com frequência tenho um desejo de escrever ― sem saber o quê. É mais uma vontade de escrever por escrever ― como se assovia em vez de cantar. Uma pena que não dá para fazer “estudos” com escrita, como se faz com pintura por exemplo, ou “improvisos melódicos” como com um instrumento musical. Às vezes o que quero é escrever só pelo prazer de linguagem.

Ter um blogue tem me ensinado que a visibilidade vem através do tempo, e não através de um só espaço, e que às vezes ela não apresenta sinais ― como curtidas e compartilhamentos. Blogar tem me educado a não desanimar quando as coisas publicadas não causam “ruído” de primeira.

O que interessa é você deixar pontes visíveis para a sua produção. Sejam hashtags ou hiperlinkagens, se há pontes, as pessoas vão circular por ali.

Veículo para vídeos curtos

Assistir a vídeos curtos pelo computador é dez vezes melhor do que assistir pelo telefone. Assim dá para dividir a tela em duas, deixar o feed em um lado, e outra aba em outro, onde se pode pesquisar alguma recomendação ou abrir algum perfil enquanto o vídeo roda. Acho também que assim me sinto menos preso. Recomendo bastante.

National rock

Nomes de bandas brasileiras de pop-rock ― meio desprezadas ― escritos em inglês soam como qualquer outra banda estadunidense que o povo paga pau por aí:

New Cloth;

Initial Capital;

Assassins Mamonas;

Urban Legion;

Hawaii's Engineers;

Red Baron;

The Success' Mudguards

Twenty Two CPM.

Please, come to Brazil ― and make money!

Estava ouvindo o pessoal do podcast mimimídias ― aqui o corte do episódio ― falando sobre a nova música do Offspring, Come to Brazil, e Clara Matheus falou uma coisa que faz sentido.

Uma vez que o público brasileiro engaja em publicações de gringos falando sobre o Brasil (essa coisa toda de Brazil mentioned), agora os artistas internacionais, caso estejam precisando de uma grana, na dúvida metem o nosso país em uma nova produção.

Essa música do Offspring por exemplo parece ser puro suco de turismo barato, coisa de quem só ouviu falar do Rio de Janeiro, de mulher bonita, caipirinha, churrasco, samba etc.

Ouvir o mundo falar do Brasil é legal, mas tem de se ver se é um movimento genuíno, de alguém que conhece o país, e se, afinal, não é uma forma de nos transformar em massa de manobra para descolar um cachê...

E-mail para o Professor Pasquale

Religiosa e diariamente acompanho “A Nossa Língua de Todo Dia”, programa da Rádio CBN que ouço via podcast, apresentado pelo lendário Professor Pasquale. Neste programa, Pasquale responde, de segunda à sexta, a dúvidas de gramática. Como forma de ilustrar as regras gramaticais, ele roda ótimas músicas ― ou, como ele chama, “auxílios luxuosos”.

Em meados de setembro enviei uma mensagem na qual, além de pedir a solução de uma dúvida, também comentei sobre outro boletim seu, cujo título era “É correto aplicar o plural em frases que citam o número zero?” ― aqui o episódio. Aí, Pasquale faz uma confusão sobre a ironia em construções, muito comum entre a juventude, do tipo “Tal notícia surpreendeu um total de zero pessoas”, aplicando a mais rançosa das gramáticas normativas.

No começo deste mês de outubro, Pasquale respondeu minha dúvida. Entretanto, por uma questão de economia de tempo, não leu o meu comentário a respeito de sua má interpretação sobre construções com “zero”. Como forma de pôr a discussão para frente, aqui vai o meu e-mail na íntegra:

Boa tarde, professor Pasquale e equipe CBN! Quem escreve outra vez Arlon de Serra Grande, aquele que enviou a pergunta do programa do dia 7 de junho, sobre o uso do verbo ser em “Deus é contigo”. Antes de fazer minha nova pergunta, gostaria de dar meus dois centavos sobre a dúvida/discussão levantada no programa do dia 29 de agosto, a respeito de expressões com “zero”.

Expressões do tipo “O evento recebeu zero pessoas”, “Estou estagiando com a remuneração de zero centavos” etc., são muito comuns entre a geração de cristal (também conhecida por geração Z) e pode entrar no rol das expressões figurativas, logo, não deve ser lida de modo literal.

Me explico: quem o diz provavelmente tem plena consciência de que as palavras seguidas de zero não são flexionadas no plural. Ainda assim essa pessoa o faz para enfatizar a ineficácia ou a frustração de um evento esperado. Tanto é que em geral, quando as pessoas falam essa expressão, sublinham-na com o tom da voz: “Eu estou ganhando duro e ganhando ZERO centavos por isso, acredita?”.

Há ainda outra expressão neste formato: “A nossa festa recebeu um total de zero pessoas”. Ora, quando se fala de “total”, fala-se de soma, mas a expectativa de que há alguma quantia somável é quebrada pelo “zero”, que é ainda enfatizada pelo plural cinicamente flexionado. Então, dito isso, defendo que essa construção de suposto desvio é consciente, fruto de sarcasmo.

À parte disso, gostaria de lhe perguntar sobre outra coisa. Tenho percebido que há uma série de palavras em LP terminadas em “bundo”. Sua significação é quase que intuitiva para o falante. Por exemplo:“furibundo” é aquele que está com fúria; “meditabundo” é aquele que medita, ou que está pensativo; “moribundo” é aquele que está por morrer. Não nos esqueçamos ainda do conhecidíssimo “vagabundo”, aquele que vaga, que é associado ao ócio.

Mas, afinal, de onde vem e o que significa esse “bundo” grudado nessas palavras? Por que há variações dessas palavras mais simplificadas, como “furioso” e “meditativo”? Faço essa pergunta porque sei que você é uma figura muito afeita à filologia (ciência também conhecida como linguística histórica ― cuidado para não pronunciarem “linguiça”, hein!), e dúvidas filológicas são difíceis de serem sanadas através da internet.

É tudo. Se não for pedir demais, gostaria de que mandassem um abraço a Yuri Bravos, grande companheiro da internet fediversal, também daqui de Fortaleza, e, assim como eu, ouvinte assíduo da Nossa Língua de Todo Dia.

Abraços!

Readymades de ônibus

Frases roubadas de pichações, conversas, telas de telefone ou outras quase-interjeições que ouvi/li enquanto tomava condução coletiva.

“Vivo isso, não disso”.

“Prefiro me vestir igual um mendigo do que ficar igual um mendigo depois”.

“Não tenha medo de peidar enquanto mija ― não há chuva sem trovão. Mas cuidado com o deslizamento de terra...”.

“Não estou dizendo nada, só estou falando”.

#cotidiano #notas


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Imagem de uma teia de aranha molhada por orvalho

Alguns dos linques mais interessantes que encontrei durante o mês de setembro, com alguma reflexão que eles me trouxeram... Para quem não fala o idioma inglês, infelizmente eles não servirão de muita coisa.

Rewind Museum, uma “Wikipédia” de eletrônicos domésticos antigos ― de rádio à fita cassete, dos primeiros microcomputadores ao gramofone, de televisões analógicas aos videogames. É legal para mostrar para o Enzo que não tem ideia de como as coisas eram antes do esmartefone.

Lista de fotografias consideradas as mais importantes. Autoexplicativo. De vez em quando me pego vendo esta lista e acho uma das coisas mais fascinantes da Wiki.

Sítio web de “Dias Perfeitos”, filme teuto-japonês sobre o qual já escrevi nestas Ideias de Chirico. Sua página inicial promete mostrar “353 dias da vida de Hirayama não mostradas no filme”. Não é para tanto. Há, porém, outras informações relevantes: créditos completos, trilha sonora, entrevistas, dados sobre o estafe e referências de livros.

A visita acima de tudo vale a pena por ser uma obra prima de sítio. Muito caprichado mesmo. Esse é um tipo de material que satisfaz um pouco aquela necessidade de “extras” que vinham junto nos discos DVD, como cortes não incluídos no filme e faixa com comentários do diretor. Quem dera se essa moda de desenhar sítios web para filmes pegasse!

Como ter um banho mais sustentável? Essa é a pergunta levantada pelo ambientalista Kris de Decker em seu novo texto no blogue Low-Tech Magazine, “Communal Luxury: The Public Bathhouse”. Para pensar sobre o impacto ambiental desse costume ordinário e universal, Kris faz um levantamento histórico dos hábitos banhistas na Europa e na Ásia ― completamente em casas de banho público ― e qual a diferença de uso de recursos naturais dessa cultura em comparação com o atual e ubíquo costume do “banho privado”.

Recomendo a leitura. Kris escreve muito bem e é muito interessante ver como o hábito de tomar banho mudou com o tempo, e como, se quisermos ter uma vida sustentável, teremos de mudar drasticamente nossa cultura. Durante a leitura do texto também fiquei pensando na hipótese de nós brasileiros nos sentirmos extremamente vexados ao estarmos nus na frente de outras pessoas pelo fato de não termos tido uma cultura de banho público.

Isto é mais uma dica do que uma recomendação de sítio web. Sempre estranhei o fato de que no Instagram pelo computador você só consegue visualizar as postagens recomendadas pelo algoritmo. No aplicativo móvel pelo menos há uma opçãozinha escondida para ver a lista de favoritos (para ver publicações de perfis selecionados pelo usuário) e a lista de seguindo (para ver as últimas publicações em ordem cronológica). Na versão mobile nenhum desses feeds mostra propagandas e são menos viciantes, já que eles “têm fim”, digamos.

Durante esta semana, no entanto, eu soube que há, sim, um modo de acompanhar postagens recentes e a lista de favoritos pela versão desktop do Instagram, só que os desenvolvedores, claro, a fim de limitar os recursos dessa versão e forçar o usuário ao retorno da versão mobile, simplesmente ocultaram a droga dos botões. Bigtech sendo Bigtech, como sempre.

Na versão desktop, para você entrar na lista de favoritos, tem de pôr <?variant=favorites> depois de , e para entrar na lista das últimas postagens, tem de pôr <?variant=following> depois do mesmo domínio. Ficando assim:

https://www.instagram.com/?variant=following

https://www.instagram.com/?variant=favorites

Praticamente uma easter egg. Cada dia que passa mais eu desejo o fim do predomínio desta que é talvez a rede social mais mal feita da web 2.0. Deixo avisado que a experiência do Instagram por computador é muito mais positiva, já que é menos viciante (por ter mais espaço de tela), e por a gente ter a possibilidade de não ver propagandas. Neste último caso, recomendo a instalação da extensão Ublock, disponível para Mozilla Firefox e Google Chrome.

Que tal zapear por alguns canais do Youtube como se fosse por uma tevê analógica? Essa é a proposta de YTCH. Como a própria sigla acusa (Youtube Channel), a ideia do sítio é mostrar, à moda televisual, uma reprodução ininterrupta e aleatória de canais interessantes do Youtube.

Há separação por categorias como “ciência”, “documentário”, “comida” etc. Independente de qual seja a categoria, os vídeos sempre surpreendem pela qualidade. Sua edição em geral tem aquele quê de canais educativos que é bem relaxante… A sacada é genial e espero que inspire projetos para outras plataformas que necessitam urgentemente de uma curadoria humana de conteúdo, como o TikTok.

#cultura #tecnologia #notas #surfandoweb


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Imagem de Yui Kamiji, uma mulher amarela cadeirante, usando boné branco e camisa vermelha, fazendo um lance de tênis com uma raquete em mãos.

Imagem: Yui Kamiji, tenista japonesa, jogando durante os Jogos Paralímpicos (ou Paraolímpicos?).

Você sabe porque falamos “paralimpíadas” e não “paraolimpíadas” ou, o que seria mais natural, “parolimpíadas”?

Para responder essa questão, não é necessário nenhuma explicação gramatical mirabolante.

Segundo o Pasquale Cipro Neto, no programa “A nossa língua de todo dia” da Rádio CBN da semana passada¹, o Comitê Paralímpico Internacional (sediado nos EUA) “pediu” que todas as variantes vocabulares das línguas de países envolvidos com esses jogos seguissem o padrão anglófono “paralympic”. Fim. É isso. Essa é a razão pela qual falamos “paralimpíadas”.

A maior representação de colonialismo foi, segue sendo e será expressa pela língua de um povo.


¹: Ouça o episódio através deste linque. Para saber mais das discussões a respeito desse termo, leia este artigo do sítio Ciberdúvidas.

#cultura #notas


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