Endereços leves de interesse e uso públicos

Imagem de uma mesinha de centro em madeira sem verniz e com dois apoios.

Um site desenhado sem Javascript é como um belo móvel wabi-sabi: ele tem uma beleza simples, cria o seu próprio espaço e tem o tempo como um grande aliado!

Sou um grande fã do HTML puro. Comecei a navegar sem Javascript (doravante “JS”) desde que percebi o quão pesado era para a experiência web e o quão prejudicial era para a privacidade.

Além de tudo, não gosto de firulas. Detesto animações e acabamentos meramente cosméticos em programas; aprecio o aspecto “brutalista” que uma página de HTML puro tem. Ademais, algumas vezes navego pela internet com velocidade reduzida e a ausência de JS no site me ajuda bastante.

E o mais importante: sem JS não há propagandas. Não há coisa que eu mais odeie neste mundo do que propagandas na internet. Pelos veículos de massa como jornal, rádio e televisão há um bom argumento e uma boa estrutura para possibilitar e legitimar as propagandas: é pelas propagandas que esses veículos tiram o seu sustento.

De resto, nesses meios você pode se alhear: pode simplesmente dar uma volta pela casa durante os comerciais de tevê, abaixar o volume do rádio durante os jingles de margarina ou ignorar as páginas patrocinadas de jornais e revistas.

Não há essa mesma legitimação e estrutura para a publicidade em dispositivos digitais. Propagandas são pereptoriamente seres alienígenas nesses meios, frutos de um mercado publicitário decadente que não sabe como o veículo para o qual trabalha funciona.

Afinal de contas, por que vou assistir a uma propaganda se tenho a opção de não a ver? Por que vou deixar um vídeo ou um .gif que seja aparecer a contragosto em um aparelho sobre o qual tenho total controle e sobre o qual, ao contrário da tevê, não posso me alhear?

Bem, seja. Odeio anúncios. E se você, assim como eu, os odeia e quer saber como se livrar do JS, sugiro este tutorial.

Neste texto disporei endereços de interesse público, ou de uso público, que funcionam sem JS habilitado. Como outras publicações neste blogue, esta estará sujeita a futuros acréscimos e correções.

Começo pela já tradicional Wikipédia, que dispõe de uma versão totalmente funcional de HTML com adição de CSS. Todas as cortinas de opções funcionam e não há quebras na página. A Wikipédia é produto de uma equipe que viveu a velha internet e que soube se adaptar ao presente sem esquecer as lições do passado.

Internet Archive, um dos mais antigos acervos de documentos de domínio público na internet, que disponibiliza arquivos em alta qualidade e até torrents de filmes e músicas. Só foi lá onde pude baixar clássicos e raridades, como o “disco do tênis” do Lô Borges e o filme argentino “Infância Clandestina”. Em seu modo sem JS, o Internet Archive apresenta algumas quebras na página, mas nada que impeça o visitante de baixar o arquivo que deseja. O site disponibiliza também de uma versão cebola para navegar pela rede TOR.

O Deviantart, ao contrário da maioria das redes sociais voltadas para compartilhamento de imagens, roda suave sem JS habilitado. Descobri esse modo “limpo” por acaso, enquanto buscava uma imagem para compôr o ícone do meu antigo perfil do Mastodon.

Invidious é uma interface web sem anúncios e pró-privacidade do Youtube. Obviamente, em sua versão anti-Javascript você é incapaz de rodar os vídeos, o que o leva a baixá-los. Invidious também possui, dentre as suas instâncias, versões cebolas.

Para aqueles que ainda veem qualidade nos produtos Google, há uma versão sem JS de seu buscador. Através dela, é possível encontrar imagens e notícias. No entanto, o buscador Google sem JS não roda em todos os navegadores. Outros buscadores fornecem as mesmas opções, como o SearXNG e o StartPage ― ambos pró-privacidade, ao contrário da Google.

Wiby é um motor de busca que só indexa links de HTML puro. Infelizmente o seu acervo é pequeno se comparado a outros buscadores e possui um baixo poder de busca, o que o limita à pesquisa de uma palavra-chave por vez. No entanto, essa é uma nova fonte possível de descoberta na internet.

Por fim, há poucos dias vi que a famosa rede social Last FM de compartilhamento de músicas ouvidas também funciona muito bem sem JS. Uma vizinha do Fediverso me contou que isso acontece porque a plataforma há muito não recebe atualizações, o que causa por vezes alguns bugs. Não faz mal. Mesmo sem JS, pelo Last FM você pode ter algumas informações sobre artistas e bandas do seu interesse, como origem/biografia, discos, fotos, além das músicas mais ouvidas pelos usuários e seus comentários.

#tecnologia


CC BY-NC 4.0Ideias de ChiricoComente isto via e-mailInscreva-se na newsletter