Eros x Tânatos

Em o Mal-estar da Civilização, Freud tenta “sociologizar” a psicanálise. Ele expande a teoria das pulsões para a sociedade com dois princípios opostos: Eros e Tânatos. Eros é o construtor dos laços sociais e Tânatos o destruidor dos laços.

Como sabido, por causa do clima dos anos 30 do século passado na Europa, o clássico freudiano é um exemplo de pessimismo cultural: apesar dos esforços de Eros, no final das contas Tânatos vencerá.

Isso corresponde socialmente a prevalência da pulsão de morte sobre a pulsão de vida. Mas esse dualismo pulsional já havia sido rejeitado por Freud. Tanto Eros como Tânatos são exorbitâncias sociais da pulsão de morte.

A pulsão de morte é estritamente “psíquica”. Quando vamos para a sociedade não há continuidade, mas uma bifurcação pulsional.

Eros é pulsão “vinculada” enquanto Tânatos é pulsão “solta”. Mas ambos os princípios sociais são derivados da mesma pulsão.

Do ponto de vista evolutivo, é um erro dizer que Tânatos (ou a morte) tem a última palavra. A morte de um único ente está a serviço da preservação da espécie como um todo. Tânatos serve a Eros e não o oposto.

Na perspectiva evolutiva, são mais importantes as “cópulas” tanto intra como interespécies, pois são as cópulas que geram diversividade genética.

A evolução é tecida por Eros. Tânatos, no entanto, tem função regenerativa, que está a serviço da criação do tecido.

Assim, a extrema-direita ao mobilizar Tânatos como princípio parece “vencer o jogo”, mas ao final das contas quem vencerá são aquelas forças que acreditarem nos impulsos libidinais.

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