daltux

GNULinux

Há anos, tenho usado Mosh para contornar instabilidades e mobilidade de redes, já que ele se baseia em UDP e é bem adequado a isso, sem precisar manter uma “conexão” caso usasse TCP. É projetado para lidar com as perdas e a funcionar conforme haja comunicação.

O problema que enfrentei com Mosh recentemente foi ao precisar passar por máquinas intermediárias (como em ssh -J — vide manual), algo que se tornou necessário recentemente no ambiente de trabalho. Estive desde então pesquisando como resolver isso. Com o próprio Mosh, não consegui adequadamente, embora continue possível utilizá-lo para acessar uma máquina disponível diretamente e abrir N shells com, p. ex. e o que recomendo, Byobu. É um gerenciador de “janelas” de terminal que mantém uma “sessão”, podendo deixá-la aberta, sair e retomar posteriormente, ou que persiste caso haja desconexão. Assim, um multiplexador como Byobu por si só já é uma solução para quem deseja contornar perdas de conexão, mesmo usando o próprio SSH. Aliado ao Mosh, então, formava uma dupla mais eficiente, praticamente infalível. Pena que não consigo fazer o Mosh se comunicar com host que não esteja disponível por SSH, mesmo tentando chamar manualmente os programas servidor e cliente.

Felizmente descobri agora, enfim, o autossh, cujo propósito é simplesmente monitorar o estado da conexão do SSH e reiniciá-la quando ela cai. Para a operação ser viável, configure devidamente uma maneira de se autenticar, preferencialmente com par de chaves, sem que o programa tenha que ficar esperando digitação de senha a cada reconexão. Se não abrir um multiplexador de terminal, também não vai adiantar muito, podendo surgir problemas em uma desconexão súbita. É possível habilitar Byobu para que seja iniciado a cada shell com o comando byobu-enable. A solução com autossh não é tão eficiente quanto mosh, mas já funciona bem, na combinação com Byobu.

Todos eles estão disponíveis nos repositórios principais do Debian GNU/Linux, entre outros. Portanto, recomendo pesquisar os atalhos do Byobu, no caso, para dominá-lo e usá-lo sempre! ( mosh ou autossh ) + byobu já! 💌


Byobu é, na realidade, um conjunto de scripts e configurações que visam tornar tmux ou GNU screen mais amigáveis, utilizando o que estiver disponível entre eles (tmux por padrão). Assim, as afirmações acima valem para eles também, caso prefira usá-los diretamente.


Consta ainda um projeto mais recente, chamado Eternal Terminal, que pretende funcionar semelhantemente a Mosh, porém lidando com TCP e alegando até suportar saltos de SSH. Embora publicado nos termos da licença Apache 2.0, não está disponível nos repositórios Debian oficiais até o momento. Então ainda não o testei, pois já fiquei satisfeito com autossh, fornecido pela distribuição.

#shell #OpenSSH #ssh #byobu #tmux #gnu #GNUlinux #debian #mosh #autossh #unix

🇧🇷 🇵🇹  Este blog © 2023- por Daltux é publicado sob a Licença CC BY-SA 4.0.
🇨🇦 🇬🇧  This blog © 2023- by Daltux is licensed under CC BY-SA 4.0

🇬🇧 English version

Discordo fortemente quando alguém afirma equivocadamente que “Linux” (querendo frequentemente dizer GNU e outros sistemas tipo Unix) seria projetado para ser usado somente pela linha de comando e, assim, usuários finais seriam melhor servidos por um ou dois sistemas operacionais não livres para computadores pessoais, especialmente aquele que atualmente domina o mercado.

Há de fato um enorme esforço de “Linux”/etc. no lado do servidor (back-end), isso felizmente, já que é o sistema operacional que tem sustentado atualmente a sociedade da informação global, executando a maioria dos servidores da Web, a infraestrutura de telecomunicações em geral, os maiores supercomputadores, projetos científicos de variadas áreas, dispositivos móveis e embarcados, incluindo veículos automotores. Os ditos interpretadores de comandos na realidade tornam a vida de quem aprende a usá-los mais fácil e rápida. Isso não é uma fraqueza, e sim uma vantagem muito poderosa.

Dito isso, também tem havido grande desenvolvimento, por décadas, do que chamamos de ambientes de área de trabalho livres (Free Desktop), com diversas implementações, algumas menos e outras mais orientadas ao usuário final.

Captura de tela do Pantheon desktop, do Elementary OS. Apresenta fundo com uma foto de paisagem, barra superior transparente com letras e ícones brancos, destacando-se a ativação de um item responsável pela abertura de uma janela de escolha com vários ícones para lançar aplicativos e uma barra de texto por onde pode ser pesquisado algum aplicativo. Na parte inferior, há uma barra tipo dock com ícones pelos quais aparentemente também podem ser iniciados programas ou abertos aqueles que estejam em execução.

Usuários comuns de navegadores Web e aplicativos em geral não têm necessidade de saber muito sobre o que o computador faz por trás da interface gráfica humano-máquina. Eles contam com outras pessoas para suporte técnico, e os ambientes desktop livres não mudam esse fato. A maior diferença é que oferecem mais opções e liberdades, dando a impressão de uma escolha mais difícil. Contudo, independentemente do tipo de software envolvido, quando solicitados a instalar ou dar manutenção em uma máquina dessas, faz parte do trabalho de profissionais de TI levantar o que seus clientes precisam no computador, conhecer as opções disponíveis ou pesquisá-las, para satisfazer essas necessidades. Não precisa ser como uma religião com uma única verdade inquestionável para todas as situações, como infelizmente parece ser o caso com frequência. Ao contrário, a idéia aqui é empoderar os usuários para que consigam exercer sua liberdade e mantê-la sustentável.

Meu pai (com mais de 70 anos), que felizmente é saudável, mas nunca tinha usado um computador antes, acabou se tornando um usuário final de Xfce e Firefox praticamente sem treinamento. Ele sabe como ligar, colocar sua senha, iniciar o navegador por um ícone na tela, abrir alguns sites que deixei marcados na Barra de Favoritos, como de instituições financeiras, correio eletrônico, notícias etc. Eventualmente, aprendeu como digitar outros endereços simples, fazer buscas, e até a me chamar para uma sessão de assistência remota quando precisa. Isso teve início antes de ter começado a usar celulares inteligentes. É como o usuário idoso médio de outros sistemas, ou melhor. Há alguns docentes pós-doutores na universidade que, mesmo com o sistema operacional dominante, chegam a ter dificuldade para fazer isso tudo, talvez por falta da vontade necessária. Ele na realidade até chegou a experimentar, sem minha interferência, o sistema proprietário que veio instalado em um então novo notebook, já há vários anos. Não demorou até me pedir para “consertá-lo”, deixando como está acostumado. De vez em quando, atualizo para ele o Xubuntu, que então permanece estável, eficiente em uso de recursos, seguro, possuindo o que ele precisa, sendo que com outro sistema provavelmente a máquina já estaria obsoleta. Então, como poderia não estar feliz com isso? Ele reclama quando um site não faz o que ele quer, o provedor de Internet cai ou a impressora trava, como qualquer outro usuário. Por tudo que é tão elogiado naquele típico sistema operacional proprietário, dito intuitivo, era para ser bem fácil para todas as pessoas se acostumarem a ele, certo?

A lição é que qualquer mudança de hábito é muito difícil para a maioria das pessoas, que costumam ser teimosas. Se tivessem sido ensinadas desde o princípio a usar algum ambiente desktop, ferramentas e aplicativos livres, mesmo que diferentes de seus equivalentes privativos com funcionalidades semelhantes, elas estariam acostumadas e provavelmente evitariam a situação oposta. Assim como as massas têm sofrido lavagem cerebral para acreditarem que existe apenas uma maneira de usar o computador. É por isso que elas mantêm tudo na mesma, ainda que estejam sujeitas a obsolescência programada, aprisionamento tecnológico, práticas monopolistas, comprometimento de privacidade e segurança, ou algum outro tipo de dependência pesada das maiores corporações de tecnologia, preferindo isso a aprender qualquer coisa que pudesse torná-las capazes de mais liberdade.

#SoftwareLivre #Liberdade #GNU #Linux #GNULinux #CódigoAberto #GNOME #KDE #Xfce #LXDE #Pantheon #Budgie #Firefox #desktop #POSIX

🇧🇷 🇵🇹  Este blog © 2023- por Daltux é publicado sob a Licença CC BY-SA 4.0.
🇨🇦 🇬🇧  This blog © 2023- by Daltux is licensed under CC BY-SA 4.0

🇵🇹🇧🇷 Versão em português

I strongly disagree when people mistakenly claim that “Linux” (meaning GNU and other Unix-like) is designed to be used only on the command line interface, and therefore end users would be better served by one or two more common desktop operating systems, especially the currently dominant one.

There is indeed a strong “Linux”/etc focus on the backend/server-side, thankfully, as they drive the information society world today, running most web and database servers and other infrastructure, supercomputers, important scientific projects, artificial intelligence development, mobile and embedded devices, like probably even your automobile. The said command line interpreters actually make life easier and faster for those who learn how to use them. This is not a weakness, but a very powerful feature.

Having said that, there has also been great development for decades on what we call Free Desktop environments, with many different implementations, some more end-user oriented than others.

Screenshot of Pantheon desktop, from Elementary OS, having a landscape wallpaper image, a transparent top bar with white characters and icons, highlighting the activation of an item responsable for opening an application selection menu with several icons to launch them and a text field for app searching. At the bottom, there is a dock with icons, probably for opening applications already running.

Regular web browser and most application users have no need to know much about what the computer is doing behind the graphical human-machine interface. They rely on other people for technical support, and Free Desktop environments do not change this fact. The main difference is that there are more options and freedoms, giving the impression of a harder choice. However, when asked to install software and maintain such a machine, it is the job of good computer technicians to learn the needs of their clients, know or find the options, and meet those needs. It does not have to be like a religion with a single, unquestionable, true solution for all situations, as is unfortunately often the case. On the contrary, the idea here is to empower users to fulfill their freedom and keep it sustainable.

My old man (over 70 years old), who is fortunately healthy but had never used a computer before, became a Xfce/Firefox “light” end user without proper training. He knows how to turn it on, enter his password, start the browser that has an icon, load some sites I left on the Bookmarks Toolbar, e.g. his banks, stock market, email provider, favorite news. Eventually, he learned how to type in other simple addresses, search, and even call me for remote assistance if needed. All this before he started using smartphones. Just like or better than the average older user of other systems. There are some PhD professors at the university who, even on the dominant OS, have a hard time doing all this, perhaps lacking the necessary will. He actually tried the built-in proprietary system without my interference after buying a new laptop (already years ago), but soon asked me to “fix” it. From time to time I upgrade Xubuntu for him, then it remains stable, resource efficient, secure, has what he needs, so how could he not be happy with it? He complains when a website doesn't do what he wants it to, the internet provider goes down, or the printer hangs, like everyone else. Based on what is so praised about the typical proprietary operating system, it should be very easy for all people to get used to it, right?

The lesson is that any habit change is very difficult for most people, and they are usually stubborn. If they had been taught from the beginning how to use some Free Software desktop environment, tools, and applications, even if they were different from most common proprietary counterparts with similar functionality, they would get used to them and probably avoid the opposite situation. Just as the masses have been brainwashed into believing that there is only one way to use a computer. That is why they prefer to keep it the same, even if it is subject to premature obsolescence, vendor lock-in, privacy and security compromise or any other kind of heavy dependence on Big Tech, rather than learn anything at all that would make them capable of broad freedom.

#FreeSoftware #FreeAsInFreedom #GNU #Linux #GNULinux #FOSS #GNOME #KDE #Xfce #LXDE #Pantheon #Budgie #Firefox #FreeDesktop #desktop #POSIX #PC

🇧🇷 🇵🇹  Este blog © 2023- por Daltux é publicado sob a Licença CC BY-SA 4.0.
🇨🇦 🇬🇧  This blog © 2023- by Daltux is licensed under CC BY-SA 4.0