Resenha de “Mad Max” (Austrália, 1979)

Reedição de publicação de 2006 em blog/site pessoal mantido de 1998 a 2012.

“Num futuro muito próximo”, no imenso sertão da Austrália, há uma espécie de patrulha rodoviária para tentar controlar gangues motorizadas que pilham as estradas. Dessa pequena corporação, faz parte o jovem protagonista Max Rockatansky (Mel Gibson), tido como o mais eficiente de seus integrantes.

Knight Rider (adaptado como o “Cavaleiro da Estrada”), um dos principais integrantes de uma gangue de motociclistas, fica entorpecido (“pedrado, pipado e doidão”), mata um policial e rouba uma das melhores e raras viaturas, modelo Pursuit Special V8:

— É um tarado das motos. Ficou doidão de repente, há umas horas! Conseguiu fugir, matou e roubou um dos especiais [...].

— Qual é o carro dele?

— Isso é que dói… é um dos nossos V8. Um dos especiais a metano, que anda pra cacete!

Um carro tipo cupê totalmente preto, modelo Ford XB Falcon personalizado, com chamativas molduras dos farois diranteiros, retangulares em cor cinza, e o enorme capô com abertura por onde saem partes mecânicas, um supercharger blower.A estória se inicia quando Knight Rider começa a ser perseguido pela patrulha e dá muito trabalho à corporação, tirando de ação dois carros e uma motocicleta. Max vai então ao seu encalço, com a viatura Interceptor. O efeito da droga do bandido começa a passar e ele chora ao perceber que sua fuga não terminaria bem. E acaba se acidentando e morrendo. Isso atiça a fúria do líder da gangue, Toecutter, que leva sua corja atrás de Max para vingança.

O filme é muito bom. Não convém contar o restante. Assista.

É curioso notar que, por muito tempo, “Mad Max” foi o filme que teve a maior taxa de lucro em comparação com seu custo da história. Isso durou até o sucesso de “A bruxa de Blair” (2000). Seu custo de produção foi de apenas 350 mil dólares (estimativa), contudo gerou uma receita de mais de 100 milhões de dólares. Seriam 28500%.

Ainda segundo a Wikipedia, George Miller, diretor e roteirista, é médico e trabalhou na ala de emergência de um hospital, onde teria presenciado muitos ferimentos e mortes de pessoas cujas histórias o inspiraram. Contudo, Miller achou que o público não acreditaria que esse tipo de roteiro ocorresse na atualidade. Daí teria vindo a idéia de fazer com que a aventura se passasse no futuro.

Em “Mad Max 2” (1981), há um prólogo adicionando que teria havido uma guerra nuclear mundial motivada pela falta de recursos energéticos. Depois disso, teria havido uma tentativa de se preservar o Estado, quando se passam os acontecimentos do primeiro filme. Na sequência, porém, não há mais resquícios de governo: paz e justiça deram lugar à sobrevivência a qualquer custo. Max, outrora policial rodoviário e depois justiceiro, tornara-se apenas um nômade das estradas.

Quando se assume que deveria haver uma harmonia na trilogia, o que intriga é algo que atinge o âmago ficcional da primeira produção, baseada em perseguições de automóveis em rodovias: em uma terra de ninguém, praticamente em ausência de Estado, como seria possível a manutenção de tão perfeitos pavimentos como vistos no primeiro filme, sem um buraquinho sequer? Pode-se imaginar um motivo para que os produtores tenham se esquecido desse detalhe e para que a audiência e a crítica sequer tenham notado: em nações mais desenvolvidas, talvez seja impensável que haja buracos em asfalto.

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