Obsolescência programada Samsung venceu
Orgulhava-me por conseguir usar celulares até acabarem, desistindo apenas quando literalmente quebravam ou a reposição da bateria ficava inviável. Já fiz vários “ressuscitarem”, após deixarem de ter atualizações das fabricantes, instalando geralmente alguma versão de LineageOS (Cyanogenmod anteriormente), uma distribuição comunitária com atualização frequente do Android, sistema operacional cujas partes genéricas, incluindo o Kernel Linux, têm o código-fonte aberto. Código-fonte é a programação escrita que pode ser estudada, auditada e/ou reaproveitada. As fabricantes dos aparelhos adicionam ao #Android componentes específicos para cada modelo e normalmente promovem outras adaptações e personalizações, muitas vezes sem disponibilizar o código-fonte, infelizmente. Então, cabe normalmente a programadores voluntários da comunidade portar ou até reimplementar componentes necessários para que a distribuição alternativa funcione em determinado dispositivo.
A #Samsung teve a “brilhante” ideia de colocar em alguns modelos um mecanismo que impede qualquer tipo de alteração “não oficial” no firmware, software embutido na máquina, sendo que o bootloader, processo que carrega o sistema operacional ao ligar, poderia ser desbloqueado, o que possibilitaria instalar versões diferentes, apenas após uma semana de funcionamento com o mesmo cartão SIM (chip da operadora). Esta condição é validada por um servidor na Internet mantido pela empresa. Isso supostamente serviria para inviabilizar alterações caso o aparelho fosse extraviado. Ocorre que a Samsung não deu a devida manutenção a tal servidor rmm.samsung.com
, cujo certificado para HTTPS se expirou em fins de 2021. Ou seja, agora o celular se recusa a se comunicar com o serviço que validaria sua situação para que permitisse desbloquear o bootloader nas opções de desenvolvedor.
Então é isto: ficamos com um aparelho que teve a última atualização em 2020, no caso do Galaxy A5 2017, e agora não podemos fazer mais nada a respeito. Após seis anos, o hardware está perfeito, a tela não tem um risco e até a bateria ainda está surpreendentemente útil. Porém, a obsolescência programada venceu.
Aparentemente, pouco adianta ser cuidadoso com algo feito para durar no máximo três anos. Que fazer agora? Jogar fora e poluir? Vender a preço de banana? Sugestões são bem-vindas.
Há informações a quem quiser ver que não sou o único a passar por isso no fórum especializado XDA.
Post scriptum
A ideia era experimentar LineageOS for microG, sendo microG uma implementação livre alternativa aos Google Play Services, ou seja, Android sem a dependência destes, para não oferecer tantos dados pessoais à empresa que domina o mercado.
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